Bus Ride Notes
Lançamentos

VEIO AÍ – Lançamentos de Novembro, pt. 1

Sinceras, não vi esse mês passar. Ser proletário, dono de casa, roquista com agenda corridassa e ainda colunista aqui não é pra qualquer um. Nem pra mim. A gente faz o que dá. Tô atrasado mas tô vivo. Não vou me prolongar porque tem MUITA coisa massa aqui pra baixo – e, mais uma vez, precisaremos fazer a coluna em duas parcelas, tamanho o volume de lançamentos. Amamos isso!

Pra não ir no seco, alguns recados: 1) A gente tá sempre disponível pra te ouvir e trocar uma ideia! Só escrever pro busridenoteszine@gmail.com, e os links das nossas redes sociais estão aqui ao lado também. 2) Coloque seu material em TODAS as plataformas! Deixamos de publicar alguns materiais aqui por não encontrá-los. 3) Queremos MUITO dar espaço pra mais artistas do interior, e também das regiões norte, nordeste e centro-oeste (exceto DF). Conhecer alguém desses lugares? Manda pra nóix!

VAMOOOO

Bravonas – Borboleta 13

Temos mais um supergrupo do underground! Formado por Ivy Sumini (Naome Rita), Gabe Salmazo (Le Trutas) e Lisi CR (Rock Camp Curitiba), o trio curitibano estreia com seu punk rock chicletão (como o próprio logo diz).
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Cannon of Hate – Democracia de Pl​á​stico

Após três EPs, a banda de Cubatão, SP acaba de lançar seu primeiro álbum, “Democracia de Plástico”. Dez faixas de puro hardcore na tua cara. Lançamento da Desordem Music.
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Colligere – Fora de Mim

Primeiro álbum da clássica banda curitibana de hardcore melódico desde “Palavra” (2007). Colligere retomou as atividades em 2018, e em 2021 lançaram três singles: “Lugar Algum”, “Luz e Sombra” e “Alma”, que fazem parte deste novo disco. Lançamento da Flecha Discos e vinil da Zoom Discos.
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Counterraid – Age of Catastrophe

Primeiro EP da banda de hardcore metálico de Uberlândia, MG. Segundo o quarteto, o EP “retrata o período de uma sociedade em colapso, a ascensão do autoritarismo e do fascismo pelo mundo todo, a violenta polarização marcada pelo ódio, teorias conspiratórias usadas pelas instituições governamentais como mecanismo de manipulação, formação de grupos supremacistas, pessoas abandonadas no momento de maior carência social. Em suma, a devastação da normalidade”.
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Critical Fear – A Real Danger

A banda crossover caipira de Iracemápolis, SP, lança seu segundo álbum. “A Real Danger” traz letras “que abordam as injustiças e perigos do mundo contemporâneo”. Lançamento em parceria com Thrash or Death Records.
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Desonra – Discórdia

Segundo álbum da banda metal-thrash-groove-core do Distrito Federal. Suas letras foram inspiradas “pelas sensações que nos impactaram em momentos onde havia morte, desesperança e caos. As músicas trazem à tona experiências pessoais, que passam pela tristeza, revolta e ódio”. Lançamento da Electric Funeral Records.
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dozaj – parede alta vista curta

Após os singles “uma vitória distante” e “parede alta vista curta” (que ganhou clipe), o supergrupo formado por Gabriel Arbex (Zander), Fernando Dotta (Single Parents) e Luccas Villela (E a Terra Nunca me Pareceu Tão Distante), lança seu disco de estréia. O álbum ainda conta com as percussões da multi-instrumentista carioca Larissa Conforto. Lançamento da Balaclava Records.
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Escolta – Ser Fênix

Novo EP da banda de nu metal do DF, que também apresenta sua nova formação. “Ser Fênix” contém os singles “Conduta” e “Afronta” (com participação de Pedro Gontijo, da Imortal Joe). Ainda mais pesada e combativa, o quinteto tem um dos shows mais intensos e gostosos que já vi.
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Garrafa Vazia – Flores Sangrentas

“Flores Sangrentas” marca de algumas formas o Garrafa Vazia: tanto letra quanto sonoridade têm um tom mais introspectivo e menos humorado do que os lançamentos anteriores e, com nova formação, a banda completa treze anos de estrada em 2022. No momento, preparam um documentário (junto da Bode Preto Produções) para retratar sua trajetória até aqui.
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HAYZ – Verdades Privadas

A banda de queercore lança seu segundo EP. “Verdades Privadas” tem três faixas, incluindo o single “A Soma de Todos os Medos” (2021), e conta com a participação de Natália Matos (Punho de Mahin) na música “Não Sou Eu uma Mulher?”. Lançamento em parceria com a Flecha Discos.
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Jxvxns – Tristes Trópicos

O segundo single da banda emocore de Natal, RN, retrata um momento de reflexões. Fala sobre novos desafios que surgem em nossas vidas nos âmbitos pessoal e também no coletivo, ao mesmo tempo em que existem coisas das quais podemos olhar e admirar sorrindo.
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LABRADOR – Canções Simples

Inspirado por artistas que tocam gêneros estrangeiros (punk ou rock no geral) e, ainda assim, são indistinguivelmente brasileiros, a carioca LABRADOR lança seu primeiro EP, “Canções Simples”. São três faixas com influências de (real) emo e uma pitada de bossa nova. O projeto solo de Theo Ladany pretende explorar gêneros musicais que não se encaixam nas outras bandas que faz parte (Antiética, Um Quarto ¼ e Ventilador de Teto).
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The Lost Trouble Boys – Streetlight Fairytales

Com influências de hard rock, punk 70, do protopunk de Detroit e do high energy escandinavo (vale a pena dar um google), “Streetlight Fairytales” é o terceiro EP da banda de Ibitinga, SP.
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Maré Tardia – Maré Tardia

A banda de surf-punk-garage-rock de Vila Velha, ES lança seu álbum de estréia, e junto com ele o clipe da faixa “Mosquito”. Lançamento da Forever Vacation Records e Läjä Records.
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The Mönic – Trovão

Em seu primeiro lançamento com a nova formação, The Mönic se junta a The Zasters. “Trovão” não estará no próximo disco da banda, que já está em processo de gravação e tem lançamento previsto para 2023. Muitas novidades pra acompanhar nessa nova fase da banda.
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Rastilho – 80 Tiros

A banda paulistana de crust punk apresenta seu novo single, que já dá uma previsão do novo álbum, “Era dos Extremos”. O disco tem lançamento previsto para o primeiro semestre de 2023.
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Soror – Awa Levar

O segundo EP da banda de doom/sludge de Brasília, DF apresenta sua nova formação. Com a entrada de Isabela e Clarissa, ainda em 2016, a banda iniciou novas composições que maturaram em dois anos de pandemia. “Em Awa Levar, abraçamos nosso próprio tempo, nosso ritmo, e nos inspiramos na fluidez da água para a travessia por nossos processos. Awa, da língua andina quéchua, é limpar. Awa Fluir, Awa Levar”.
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WRY – Aurora

Oitavo disco da banda sorocabana e primeiro com letras em português, “Aurora” chega para afirmar que, “uma vez morta, a esperança sempre há de se reacender”. Lançamento da Before Sunrise Records e vinil pela Bilesky Discos.
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Lançamentos

VEIO AÍ – Lançamentos de Outubro

Finalmente podemos ter esperança? Uma nesga de otimismo? Um breve momento de alívio em meio ao caos? Por aqui tá tendo, é bizarro mas é real e inegavelmente bom demais. Espero que pra você também!

Enfim, o ano tá na reta final, e o ritmo de lançamentos sempre constante e aumentando – não é à toa que vira e mexe estamos fazendo em duas vezes. Tô feliz de acompanhar tudo isso, várias linguagens e qualidades, vários shows e festivais e tudo mais o que a gente adora.

Como não poderia faltar, só alguns recados: 1) A gente tá sempre disponível pra te ouvir e trocar uma ideia! Só escrever pro busridenoteszine@gmail.com, e os links das nossas redes sociais estão aqui ao lado também. 2) Coloque seu material em TODAS as plataformas! Deixamos de publicar alguns materiais aqui por não encontrá-los. 3) Queremos MUITO dar espaço pra mais artistas do interior, e também das regiões norte, nordeste e centro-oeste (exceto DF). Conhecer alguém desses lugares? Manda pra nóix!

E bora que let’s!

ACCDNTS – Lucy

Formada quase ao acaso (daí o nome) em 2020 por Lucas Carmo, Miguel Medori e Lucas Santos, atuantes na cena independente punk e hardcore de São Paulo capital, a banda tem influências de My Chemical Romance, AFI, Creeper e Alexisonfire. Seu single de estreia conta a história de como Lucy se sente após um relacionamento desgastante com o personagem não apresentado, Drácula. Bônus: em 31 de outubro ACCDNTS lançou uma música “falando o quanto a gente odeia o bozonaro”. Lançamentos da Manul Records.
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All The Postcards – Ícaro

Novo single da banda de hardcore melódico de Angra dos Reis, RJ. Na mitologia grega, Ícaro voou e se aproximou demais do Sol, que derreteu suas asas de cera, resultando em sua queda e morte. Segundo eles, a música fala sobre “boas intenções, mas também sobre a arrogância que precisa ser combatida a cada passo que damos e nos aproximamos da verdade”.
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As Menarcas – Recruta Zero

Single de estreia do novo supergrupo do rolê! Letty (Letty Rocks), Gabe Halencar (Nâmbula Mangueta), Bia Santos e Carol Cagnini (Malúria) se uniram para dar vazão à composições que não tinham lugar em seus projetos principais. Junto do single, a banda disponibilizou em seu site um jogo cujo objetivo é conseguir o maior número possível de votos e mandar o bozolixo pra cadeia. Segundo elas, “‘Recruta Zero’ é o retrato sonoro de uma era desgovernada, mentirosa e letal… e é a trilha sonora, assim espera-se, do fim dessa era”. A banda ainda não disponibilizou a faixa nas redes de stream devido ao lançamento do jogo.
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Blesstoise – O Fim do Mundo Agora é uma Esperança

Primeiro álbum dos pop punkers de Blumenau, SC. Após o EP “Tartarugas Nunca se Atrasam” (2018) e três singles, a banda acaba de lançar o disco “O Fim do Mundo Agora é uma Esperança”, que tem um pézinho em um som mais pesado.
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Budang – Astrologia, Destino & Salmos

Anunciado em abril com o single “Segunda Lei da Termodinâmica” (que ganhou um videoclipe, lançado junto ao EP), finalmente veio ao mundo o novo material do quarteto fantástico da ilha da magia. De lá pra cá já fizeram algumas (mini-)turnês pelo sul e sudeste, conquistando geral com hardcore explosivo & zombeteiro.
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Ceano – Bonsenso

Sabe aquele meme de “Se você ficasse preso numa ilha deserta e pudesse levar só um álbum, qual seria?” [ou algo assim] – então, esse aqui é um forte candidato como resposta. Um dos lançamentos do ano favoritos deste que vos fala, e também um dos já mais ouvidos. Não sei nem explicar, só sentir. E sinto. Muito. Ceano me beija!
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Emerald Hill – Cidades em Chamas

O segundo álbum da banda de João Pessoa, PB tá on! Sonoramente mais agressivo que seus lançamentos anteriores, tem influências do indie rock, lo-fi, power pop e pós-punk. Já as letras refletem angústias e conflitos na relação com a cidade. “É um trabalho de denúncia e revolta contra as dores e as solidões vividas pela subjetividade jovem deste início de década”, diz o quarteto.
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Existentialisters – REB’ELLE

Após seu primeiro single, “MR. FLIPPER” (2021), a banda de Fortaleza, CE lança seu EP de estreia, carregado de suas principais influências: grunge, punk e “riot girl”, característicos dos anos 90. Segundo a banda, “a fonte de inspiração para as letras de ‘Reb’elle’ é a melancolia humana, mas também os próprios sentimentos humanos como amor, ódio, infelicidade e insegurança familiar”.
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Fake Honey – Fake Honey

Antes conhecido como Pink Roof, o duo carioca amadureceu e ficou mais ~ousado. Pra acompanhar essa nova fase, atualizaram seu nome, que também batiza este single. E atenção paulistaners: o show de estreia será no Oxigênio Festival, daqui alguns dias.
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Fistt – A Arte de Perder

Discão novo dos veteranos de Jundiaí – quase 30 anos de rolê é para poucos! O álbum foi anunciado em setembro com o single “Ex underground” (feat. Camilo Boia, da Cueio Limão) e cá está entre nós. 12 faixas daquele hardcore melódico que quem sabe sabe!
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Naissius – Ballet para Cegos

Naissius lançou seu terceiro álbum. Dessa vez menos folk e mais garage, a sonoridade de uma banda cheia é o destaque do novo disco. Com a presença de questões políticas, sociais e religiosas, “Ballet para Cegos” traz reflexões construídas com o atual período vivido pelo Brasil como pano de fundo: crise, violência e pandemia, entre outros temas.
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Plastic Fire – Rumo a Ti

Do subúrbio carioca para o mundo, e carregando 17 anos de muito hardcore melódico nas costas, o quarteto tem lançado singles regularmente, e este é o mais recente. De acordo com a banda, essa música “tenta tratar sobre o amor que nasce quando tentamos dar fim às distâncias, sejam elas de quilômetros ou milímetros, de olhares ou de caminhos, de corações ou razões, sejam elas entre pessoas, amores ou cidades“.
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Sara Não Tem Nome – Cidadão de Bens

Lançado na véspera do segundo turno das eleições presidenciais, este single reflete sobre o momento atual de disputa no cenário político brasileiro, em que valores éticos e morais têm sido discutidos e questionados. A faixa fará parte do próximo álbum, “A Situação”, lançamento do Grão Pixel.
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S.E.T.I. – Vivo

Celebrando dez anos de trajetória, o duo de Synthpop de Campinas, SP lança seu segundo álbum. Segundo a banda, “‘Vivo’ é um trabalho que tenta deixar tudo que ficou de ruim para trás e trata desse novo momento com cor e leveza”.
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Xavosa – Eleva

Neste single, abordamos relacionamentos que, de uma forma ou de outra, nos anulam enquanto indivíduos. Sobre mergulhar em si, rever a solitude e repensar o amor romântico. Tudo isso numa pegada mais pop punk com um refrão chicletoso. Trate de aprender para prestigiar este que vos fala <3
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Xupacabras – Estranhos Visitantes

Celebrando 15 anos de estrada, o quinteto punk rock de Dourados, MS (a primeira do estado a aparecer por aqui?) se prepara para lançar seu novo disco, “Doutor, Preciso de Drogas Mais Pesadas”. Este novo single é sobre contatos imediatos de terceiro grau, supostamente baseado em fatos reais 👀👽
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Entrevistas

Entrevista: TooCrazy

TooCrazy é uma banda de hardcore e metal de Aracaju, SE, formada em 2017, inicialmente como duo.

Após uma pausa forçada pela pandemia, os integrantes voltaram a compor e decidiram que o duo precisava virar power trio.

Desde então eles já lançaram um disco cheio, “Chaotic” (2022), e dois singles, “The Plague Of Chaos” (2021) e o novíssimo “Litigium” (2022).

Pra conhecer melhor a banda e a cena em Aracaju, SE, conversamos com eles sobre isso e mais na entrevista que você lê a seguir.

Vocês podem falar um pouco sobre a banda pra quem não conhece?

Somos uma banda de hardcore de Aracaju, SE, formada em 2017 e utilizamos de várias influências em nossas composições. O mundo do metal extremo (thrash metal, grindcore e death metal) e o punk rock dos Ramones e Misfits estão entre as principais influências. Prezamos por velocidade, agressividade e peso.

A banda se formou em 2017, mas já passou por várias mudanças. Uma delas foi a transformação de duo para trio. Vocês podem falar um pouco sobre isso?

Iniciamos como duo de baixo (Yhuri Tojal) e bateria (Rodrigo Menezes). Com essa formação lançamos dois EPs, “EP #01” (2017) e “The War Inside” (2020), com influências de punk rock, rock and roll e uma pegada mais vintage. Logo após o lançamento de “The War Inside” veio a pandemia e a banda parou.

Nessa pausa começamos a compor e demos uma virada total no som, nos voltando para o mundo do metal e extremo. Em 2020, com as novas composições acontecendo, vimos a necessidade de incluir a guitarra e nos tornar um trio. Seguimos nesse caminho com Yhuri Tojal (guitarra), Bob Maloka (baixo) e Rodrigo Menezes (bateria) e alteramos o nome da banda de 2Crazy para TooCrazy.

Houve uma grande mudança na sonoridade da banda depois disso?

Com certeza. Com a entrada da guitarra, uso do pedal duplo na bateria e a utilização de uma nova linguagem, a banda saiu de uma pegada mais leve e cadenciada pra um som mais rápido e pesado com influências do hardcore clássico e metal extremo. Passamos a utilizar o vocal gutural, o que mudou totalmente o som.

As composições de “Chaotic” vieram todas depois dessa mudança?

Na verdade as composições do “Chaotic” foram as responsáveis pela mudança. Surgiu de uma forma bem natural, em menos de dois meses já tínhamos 60% do álbum escrito. Foi só uma questão de esperar as vacinas e o abrandamento da pandemia pra materializar os sons nos ensaios.

O nome “Chaotic” surgiu depois, e foi uma consequência das letras das músicas. Assim que nos reunimos como um trio, decidimos que teríamos que lançar um full album. Daí foi um trabalho duro de adaptação e composição até chegar na materialização desse trabalho.

Recentemente vocês anunciaram nas redes sociais que estão trabalhando em novos sons e em 2022 a formação da banda mudou novamente, né? Como tá sendo essa adaptação?

Passamos por duas mudanças no ano de 2022. O Rodrigo precisou se mudar pra Minas Gerais pra se dedicar à vida acadêmica e o Bob também saiu pra se dedicar aos estudos na área do audiovisual. No início foi bem difícil, pois o time era bem unido. Mas com a força de todos, ex-integrantes e os novos, conseguimos levantar a cabeça, manter a chama acessa e seguir com tudo.

Pra assumir as baquetas chegou o Joarlan Smith e o Ronald Invenção assumiu as quatro cordas. As composições continuaram e um novo trabalho sai agora no dia 20 de outubro. O single “Litigium” que será lançado de forma totalmente independente.

E como é a cena em Aracaju?

É uma cena muito rica em talentos. Temos ótimas bandas, desde as mais antigas até as mais novas. É uma cena bem ativa e que não para, sempre tem alguém movimentando e lançando novos materiais. Nos últimos dois anos houve um boom no surgimento de novas bandas, o que movimentou ainda mais a cena local. Praticamente toda semana tem shows na cidade.

Últimas considerações? Algum recado?

Só falar pra galera que apoiem o underground nacional. Tem muita coisa boa acontecendo e isso prova que o rock não morreu, tá firme e forte no underground.

A discografia de TooCrazy está disponível no Bandcamp e nas redes de stream.


Lançamentos

VEIO AÍ – Lançamentos de Setembro, pt. 2

Antes tarde do que ainda mais tarde, cá estamos! O clima da eleição deveras deu um baque na gente, o tsunami de notícias (e chorume) foi brabo, mas não desistimos assim tão fácil.

Voltando ao que interessa, mais uma vez trazemos várias bandas e artistas em suas estreias (ou quase), muitas aparecendo aqui pela primeira vez, outras que já tem residência no coração do Busão. É sempre massa demais estabelecer esses contatos e expandir nosso horizonte – e talvez o seu também.

Como não poderia faltar, só alguns recados: 1) A gente tá sempre disponível pra te ouvir e trocar uma ideia! Só escrever pro busridenoteszine@gmail.com, e os links das nossas redes sociais estão aqui ao lado também. 2) Queremos MUITO dar espaço pra mais artistas do interior, e também das regiões norte/ nordeste/ centro-oeste (exceto DF). Conhecer alguém desses lugares? Manda pra noix!
BORA BILL!

Big Marias – Marioska

Atração surpreendente da última edição do festival Vaca Amarela (em Goiânia), as minas de Palmas, TO lançaram seu single de estreia e já estamos sedentos por mais! Grunjão, panque, experimental, juntando de Sonic Youth a Nova Twins, sem deixar de debochar pelo caminho.
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brand new face – Glad You’re Gone

Trazendo novidades após o EP de estreia, “Noise” (2020), e o primeiro álbum “Nothing Is Permanent” (2021), a banda de Americana, SP volta aos holofotes. Com influências de Title Fight, The Story So Far e Movements, seu hardcore melódico atualíssimo aborda temas mais pessoais e introspectivos. “Temos a visão de ajudar as pessoas de forma direta e indireta, mostrando que mesmo que alguém esteja passando por algo doloroso, nada é permanente”, afirmam.
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Clandestinas – Eu sou LGBT

Consideramos o trio de Jundiaí, SP como “riot grrrl” pela semelhança da trajetória da banda com o movimento: como muitas, surgiu pela necessidade que as integrantes sentiam de, literalmente, amplificar suas vozes. Sonoramente, somam influências diversas de forma gostosa e espontânea, e este single tem uma pegada dançante, pronto pras pistas.
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Crasso Sinestésico – Ao vivo no Largo do Batata

Quem acompanha o Busão já conhece o duo de Bom Jesus dos Perdões, SP. Com a entrada do baterista Helder Vilhena, a banda lançou um EP, “Nublado”, e essa foi a primeira apresentação com a nova formação. Gravado no último 26 de março, no Largo do Batata (em SP capital), o show foi organizado pelas bandas Alcooliques e o Grande Ogro (responsáveis também pela gravação e mixagem do disco).
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Der Baum – Der Baum

Transitando entre sonoridades europeias oitentistas e latinas futuristas, o trio de São Bernardo do Campo, SP apresenta seu terceiro álbum. Desta vez com temáticas mais pessoais, dê o play e os acompanhe em “uma viagem pelos sentimentos, dúvidas, frustrações e descobertas que passamos durante os últimos anos”.
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DesonraNecropolítica Canibal

Dona de um dos shows mais precisos e impactantes que já vi, o quarteto de metal-thrash-groove-core do DF, apresenta seu novo single, sucessor do excelente EP “Genocídio” (2021). Ainda essa semana sai também a faixa “Brazil”. Ambas fazem parte do disco “Discórdia”, que sai em novembro. Lançamento da Electric Funeral Records.
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Dirty Grills – Ao Menor Sinal de Autodepreciação Aperte o Botão de Pânico

A gente pediu, e recebeu! Sonzera alla Katastrophy Wife pra se jogar na pista e perder a pouca dignidade que ainda resta.
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Gradual – Compreender

Depois do energético single de estreia “Solitude” (2021), dessa vez a jovem banda de Maringá, PR entrega um (grung)emo bem gostosinho. Quando estourarem na gringa, você pode dizer que conheceu aqui no Busão. Lançamento da Lavanderia Records.
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Luca Libre – Ei Dopamina!

Brasiliense radicado em Portugal, Luca apresenta seu novo som – o primeiro de uma fase com influências de bluegrass, pop punk e jazz, que chama de “punk rock para rodas de violão”. Ainda segundo ele, “Ei dopamina!” fala sobre “falta de motivação, procrastinação e neurotransmissores com humor autodepreciativo”.
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Maremoto – Brilho Astral

“Brilho Astral” é o novo single da banda de Campinas, SP. Após o lançamento do seu primeiro EP, “Só Mais um Estranho no Balcão” (2021), Maremoto agora lança uma série de singles que já conta também com as faixas “Evento Horizonte” e “Irreversível”.
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Mistanásia – Guiados Feito Gado

A banda de hardcore antifa do litoral paulista acaba de lançar seu novo EP. Segundo eles, foi inspirado nas cenas lamentáveis desse desgoverno que nos assola. “É um grito contra essa corja que desgoverna e rodeia todas as esferas do poder da nossa sociedade”.
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Nós e Chico – Par

Formada no início de 2020 “por quatro irmãos mais um Francisco”, a banda de Floriano, PI lança seu primeiro material desde o disco de estreia, “Manual de Um Sonho Bom” (2021). Este single marca também o início das atividades sob a nova formação.
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Radiação X – Osso

Barretos felizmente não é só festa de peão (desculpa, eu não podia deixar passar essa piadinha clichê)! “Osso” é o novo single de Radiação X, membro do Coletivo Panela de Pressão, que mantém o hardcore ativo no interior de SP com o “Rolê no Gerador” – que são shows gratuitos em locais públicos (geralmente praças ou pistas de skate) com bandas punks autorais da nossa região.
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The Tropical Riders – Money Money

Alô alô, olha a garageira passando na sua rua! O duo paulistano lança seu quarto EP, que conta com duas faixas, “Money Money” e “Sahara”. Ambas já haviam sido apresentadas em seus shows e lives. Lançamento do selo Aurora Discos.
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Zonta – Cartão-Postal/ Buda on Parade

Da minha querida Uberlândia, MG pro mundo, temos não um, mas DOIS singles de estreia do quarteto. Farão parte de seu primeiro EP, “Experimento de Perturbação Controlada Estratosférica”, previsto pra ser lançado ainda esse ano. Misturando elementos do rock, do rap, do baião entre outros, “o som da Zonta prega a união, defende a cultura popular brasileira e visa o despertar da consciência de classe”.
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Entrevistas / Leituras

Uma conversa sobre produção musical

Creio que todo mundo que gosta de música já ouviu falar da figura do produtor musical. Resumidamente, essa é a pessoa que dá um direcionamento sonoro pro artista. Mas o que seria esse direcionamento? Eu demorei muito tempo pra entender o que um produtor faz, eu pensava “Mas se eu já sei exatamente o que eu quero fazer no som, eu não preciso de um produtor, certo?”. Depende de cada projeto.

Se você é um artista solo e quer gravar uma música com vários instrumentos, o produtor certamente vai ter grande parte nessa orientação. Se você tem uma banda e acha interessante ter alguém pra tirar suas dúvidas no momento da gravação, “Como tá essa guitarra? E o volume do baixo? Qual efeito você acha que caiu melhor com o resto do som?”, o produtor é a pessoa que vai te ajudar. Nesse caso é um trabalho menor, mas sabemos que detalhes fazem toda a diferença. Ou as vezes você é o próprio produtor da sua música, compondo e gravando todos os instrumentos.

Pra entender um pouco mais sobre o assunto, convidamos produtores da cena independente pra conversar. Falamos com Mônica Agena, Desirée Marantes e Luke Mello.

Dêza – Mulher Reverenciada, produzida por Mônica Agena

“Comecei gravando minhas músicas em casa, no século passado, e não muito tempo depois uma banda local (sou de Porto Alegre) me convidou para produzir a gravação de um disco inteiro. Na época eu nem entendia exatamente o que se fazia numa produção musical, mas sempre fui muito do ‘faça você mesmo’ e basicamente me joguei, acabei me envolvendo na maior parte desse disco (XXX da She’s OK). Fizemos modificações nas estruturas da música, gravei a banda, adicionei uma série de elementos sonoros nas músicas, gravei violinos, enfim, foi uma experiência onde me deram bastante liberdade e muito apoio. Foi uma primeira experiência com produção musical muito positiva, me fez ter muita vontade de participar de outros projetos de discos, gravações, álbuns, etc”, Desirée Marantes.

“O primeiro EP da minha banda Moxine, ‘Electric Kiss’ (2009), foi produzido pelo Rique Azevedo. Depois disso eu não tinha recursos financeiros para continuar gravando minhas músicas pelas vias tradicionais: pagando estúdio, produtor, etc. Foi aí que o Rique me deu o maior apoio e me ensinou alguns recursos da produção musical para que eu pudesse seguir de forma mais independente”, Mônica Agena.

“Eu já produzia umas ‘demos’ caseiras desde 2012, quando eu tinha uns 16 anos. Eu recebia uns amigos em casa e os ajudava a gravar as músicas deles mais ou menos, além de fazer umas demos minhas. Mas comecei a fazer isso profissionalmente mesmo em 2017”, Luke Mello.

Uma das minhas maiores curiosidades era quais são os benefícios de ter um produtor.

“A parte mais legal de ter um produtor, é receber uma visão com distanciamento sobre o seu trabalho”, Mônica Agena.

“O produtor ajuda a direcionar a música, e também ajuda o artista a chegar no som que ele quer. O maior benefício é ter o olhar de alguém de fora na música, que entenda onde o artista quer chegar e saiba os caminhos pra chegar lá”, Luke Mello.

“Pra mim é poder trocar experiências, ideias e aprender com outros artistas. Como eu também tenho trabalhos autorais de música, sempre acho muito interessante acompanhar o processo criativo das pessoas, aprender que tipo de vocabulário usam para descrever como gostariam que suas composições soem, acho fascinante poder testar maneiras não usuais de captação, esse processo todo faz com que eu me sinta meio cientista maluca”, Desirée Marantes.

Outra dúvida era como acontece o trabalho junto ao artista.

“Existe um trabalho de pesquisa da parte do produtor, muita conversa, ouvir muita música junto, para entender onde o artista deseja chegar. A partir daí são definidos os processos e o time que estará envolvido, instrumentistas e engenheiros”, Mônica Agena.

“Geralmente o produtor que tá trabalhando com o artista, escolheu estar ou foi escolhido pra estar lá por já existir alguma identificação musical, né? É ideal que o produtor tenha o conhecimento ‘cultural’ do tipo de música que está sendo feita, pra que suas sugestões não colidam com as vontades da banda, e pra que ele saiba direcionar a banda pro caminho que ela quer ir da melhor forma possível”, Luke Mello.

“Como em todo processo de criação e desenvolvimento de algo, quanto mais conversa para definir o que cada um gostaria e como isso vai ser realizado, melhor. Pois a partir daí é possível começar a esboçar como isso será feito. Eu sou bem flexível em relação a me envolver mais numa gravação ou menos, tem banda que quer que a pessoa produzindo ajude a captar o som deles de maneira que se aproxime à experiência do ao vivo, tem banda/projeto que te chama para ajudar a construir/criar a própria sonoridade, tem infinitas maneiras de fazer isso”, Desirée Marantes.

Monodia – Houdini, produzida por Desirée Marantes

Perguntei a Luke como foi trabalhar com bandas que ainda não haviam tido contato com produção e gravação profissional.

“É bem tranquilo. Por um lado é gostoso gravar bandas que nunca gravaram, porque a empolgação é bem maior, e o empenho muitas vezes também. Por outro lado também é massa gravar bandas que já têm experiência por elas já saberem como funciona e já chegarem mais preparadas as vezes”.

Todos os entrevistados também são musicistas, então perguntei como é ser musicista e produtor ao mesmo tempo. Isso afeta a visão sobre seu próprio trabalho?

“Eu amo! Toda troca acaba influenciando o meu trabalho de alguma maneira. Seja essa troca como for, não necessariamente vai alterar a maneira como eu toco ou componho, mas possivelmente vai me dar uma visão maior da diversidade enorme que existe quando falamos de criar, tocar, compor, etc”, Desirée Marantes.

“Eu acredito que quanto mais você circula dentro de diversos setores e nichos dentro da música, mais experiência você tem para compartilhar em tudo o que você faz. Então eu procuro fazer de tudo e conhecer músicos dos mais diferentes universos”, Mônica Agena.

“Pra mim afeta um pouco, sim. Eu ultimamente tenho detestado me gravar, porque eu acabo pirando com coisas técnicas que muitas vezes não era pra eu estar pensando tanto enquanto artista, daí acaba dividindo a minha atenção um pouco”, Luke Mello.

Sob o aspecto mais técnico, comentei que algumas pessoas veem esse passo da finalização e da produção como algo que não é artístico, e perguntei qual era a opinião deles sobre isso.

“Eu acho que produção em si é algo artístico sim, já que lida diretamente com a estrutura e o arranjo da música. Já mixagem, masterização e etc pode ser ‘artístico’, mas também pode ser mais ‘objetivo’. Muitas vezes durante a mixagem eu acabo adicionando efeitos ou elementos extras que acrescentam no arranjo ou mudam muito o jeito como ele é compreendido, entre outras decisões que são tomadas nesse momento que podem ser vistas como um trabalho mais ‘criativo’ mesmo”, Luke Mello.

“Eu acho que as duas coisas se complementam, a sensibilidade artística e o conhecimento técnico. Existem produtores que não têm muito conhecimento sobre a engenharia do áudio, mas possuem uma visão diferenciada sobre a estética e estilo, trazendo grandes contribuições para o trabalho artístico”, Mônica Agena.

“Acho que essas pessoas não estão envolvidas nesses processos? Isso foi uma maneira gentil de dizer que essas pessoas estão falando merda (risos)”, Desirée Marantes.

homeninvisivel – todo sonho se destrói, produzida por Luke Mello