A Discografia Caipirópolis nasceu pra mostrar que tem muita coisa boa sendo feita fora da capital.
Somos do interior de São Paulo e um dia decidimos fazer uma lista de bandas locais, como várias delas não têm músicas nas redes de stream pra fazermos uma playlist, decidimos fazer uma coletânea. Colocamos bandas do litoral também.
Lista feita, fizemos as edições necessárias e entre elas, tiramos bandas com letras machistas, violentas, reacionárias ou coisas do tipo. Gostaríamos de pedir que vocês nos avisem caso deixarmos algo parecido passar.
No primeiro volume (2020) decidimos colocar apenas bandas com mulheres na formação, então tem de tudo: punk, crust, indie, synthpop, hard rock, folk, instrumental, etc.
A partir daí eles são divididos por gênero musical, o volume dois contou com bandas de punk rock e hardcore melódico, o volume três com indie rock, o volume quatro com hardcore, crossover, etc, o volume cinco com fastcore, grindcore, noisecore, etc e este volume seis com diversas vertentes do emo. O título vem de um termo criado pela banda chococorn and the sugarcanes.
Abaixo você lê um pouco sobre cada banda que faz parte do volume seis:

capote (Santos)
Formada em 2023, capote é uma banda de amigos de longa data. Em seu som misturam indie e emo com letras que abordam temas como paixões, superações, dilemas e reflexões. O nome “Capote” reflete a essência de suas músicas, simbolizando a ideia de sofrer uma queda e conseguir se reerguer.
“Joelho Ralado” faz parte do EP “Capote” (2024).

Este Lado para Cima (Jundiaí e Campinas)
A banda composta por Caio Molena (guitarra), João Beneditti (guitarra), Danilo Guarniero (baixo) e Rogério Filho (bateria) tem influências de midwest emo, grunge, shoegaze e post hardcore. Desde seu surgimento após a pandemia, a ELPC conquistou fãs com seu estilo e letras introspectivas, inserindo-se no cenário do “emo caipira”. “Baliza” marca uma nova fase, com uma sonoridade mais amadurecida em relação aos lançamentos anteriores. A faixa dialoga com sentimentos de frustração e das responsabilidades da vida adulta, como a rotina de fazer sempre as mesmas coisas sem ver resultado.
“Baliza” foi lançada como single em agosto de 2024.

gelatina de concreto (Ribeirão Preto)
gelatina de concreto foi criada em 2023 por dois amigos com o mesmo nome (Gabriel). Com diversas influências, o grupo mistura elementos do midwest emo (ou emo caipira), shoegaze e outros estilos.
Visto que Gabriel faz faculdade em São Carlos e o outro Gabriel fazia em Ribeirão Preto, o EP de estreia, “(antes era) terapia na terça”, teve sua composição feita praticamente inteira à distância. Ele foi gravado e produzido pelos próprios integrantes da banda, ao melhor estilo DIY, no tempo livre que encontravam durante a rotina de estudos e trabalho, e foi lançado em Abril de 2024 de maneira totalmente independente. Atualmente, a banda conta com o apoio de Vitor (baixo) e Ian (guitarra) para os shows.
“lei de murphy aplicada” faz parte do EP “(antes era) terapia na terça” (2024).

glover. (Piracicaba)
Formado em 2019 por Felipo Ivanes (guitarra), Leonardo Luca (bateria) e Otávio A. Aguiar (baixo), o trio explora a sonoridade dos chamados midwest emo e emo revival dos EUA, sonoridade carinhosamente apelidada de “emo caipira” pelo público brasileiro. Em seu último EP, “Dessa Vez é de Verdade.”, o grupo mergulha de cabeça no estilo e, combinando melodias intrincadas de guitarra, ritmos complexos na bateria, baixo galopante e vocais gritados com letras em português, cria uma paisagem sonora nostálgica e melancólica.
“jazz clube” faz parte do EP “Dessa Vez é de Verdade.” (2024).

Império Contra-Ataca (Santa Bárbara d’Oeste)
Nenhuma ligação com a Disney. Na verdade, os quatro meninos detentores da alcunha de emo caipira também trazem grandes camadas de folk e indie rock, jogando na mistura suas influências de ritmos brasileiros. Suas letras costumam abordar temas cotidianos de uma maneira jovial, mas não menos madura. A banda é composta pelos amigos Breno Augustini (Guitarra), Caio Moreno (Bateria), Joabe Soares (Violão e voz) e Pietro Sartori (Baixo).
“Fucking Life” foi lançada como single em fevereiro de 2025.

Janeiro Industrial (Sorocaba)
Janeiro Industrial foi formada em 2024 por musicistas da cena underground sorocabana. Com sonoridade emo, indie e hardcore melódico, as diferentes influências do grupo tornam uma mistura ímpar e lotada de sentimentos. Seu primeiro EP, “Alteridade” (2024), dá vida a vivências e assuntos de relevância social, entrega confissões e debates sobre saúde mental, e como os sentimentos de rotina e medo podem consumir o indivíduo, entendendo que é através da luta pessoal que se cria artimanhas para (sobre)viver. Além de toda a construção narrativa e musical do primeiro trabalho, a banda vem para salientar mais uma vez a importância da inserção de pessoas periféricas no meio musical, sobretudo no meio do hardcore punk, apontando que o gênero não é feito de apenas uma classe e sim, de todos os meios possíveis.
“Deitou sem Sono (…dessa vez não foi tão mal)” faz parte do EP “Alteridade” (2024).

jonabug (Marília)
jonabug mistura desde shoegaze a indie rock e fica difícil rotular seu gênero musical. Suas músicas transitam entre o inglês e o português carregando energia e jovialidade. A banda lançou o EP “Big Ego, No Self Esteem” em 2023 e dois singles desde então: “three dead flowers” (2023) e “feixes de luz” (2024), sendo “feixes de luz” seu primeiro lançamento em português. Agora, estão em processo de gravação de seu primeiro álbum, previsto para ser lançado em 2025 e promete trazer ainda mais misturas musicais e sentimentos únicos da vida de um jovem adulto.
“feixes de luz” foi lançada como single em junho de 2024.

Módulo Lunar (Ribeirão Preto)
O duo formado por Lucas Pucineli (bateria) e Pedro Toledo (cordas e voz) surgiu em 2018 e, nos seus primeiros trabalhos, o som era mais próximo dos post-rock instrumental e rock psicodélico. Com o tempo, passaram a ser mais abrasivos, com influências do post-hardcore e screamo. Seu primeiro álbum, “Irritante Paz”, foi lançado em CD e K7 em março de 2024.
Esta versão de “Irritante Paz” foi gravada ao vivo no Lua Negra Fest de 2024 (você pode assistir aqui) e está disponível exclusivamente no Bandcamp.

moro longe (Iperó)
Liderado pelo multi-instrumentista Yuri Naoto (Mar de Lobos, Strawberry Licor, ana paia), moro longe é um projeto musical que emerge com influências de bandas da cena emo. Natural de Curitiba e atualmente residindo no interior de São Paulo, Yuri traz músicas que fundem sentimentos melancólicos com ritmos matemáticos, explorando uma variedade de temas pessoais, como relacionamentos, ansiedade, depressão e introspecção. O projeto nasceu da necessidade de dar vida a composições autorais que não encontravam espaço em outros projetos musicais do artista.
“Deixa eu ser a sua cura” foi lançada como single em junho de 2024.

Nosedive (Bauru)
Formada em 2019 e hoje com Gabriel Franco (voz), Danilo Monti (guitarra), Gabriel Militão (guitarra), Ricardo Boni (baixo) e Lucas Dias (bateria), a banda tem dois EPs lançados, “Dull Days” (2020) e “Losing Touch” (2022). “Com a proposta de criar um repertório intenso que mesclasse influências como o hardcore, post-rock e o rock alternativo dos anos 90, a sonoridade da Nosedive encontrou uma atmosfera carregada de tensão que flerta entre a agressividade e a sutileza”.
“Losing Touch” faz parte do EP de mesmo nome, lançado em 2022.
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Personas (São José dos Campos)
Formada em 2016, Personas mergulha em referências do underground e faz um som que flerta com o emo, o indie e o rock alternativo, mescladas com letras em português que transmitem angústia e urgência, inspiradas em relacionamentos e conflitos pessoais. A banda já lançou dois EPs, “Vazio (2017) e “Das Luzes Que Se Fundem com a Manhã” (2021), e um álbum, “Nunca Foi pra Dar Certo” (2019)
“Curitiba” foi lançada como single em fevereiro de 2024.

Rolimã (Águas de Lindoia)
Formada em 2021 por Vitor Formagio (voz e guitarra), Victor Marcondes (bateria), Lucas Golo (baixo) e Breno Godoi (trompete, guitarra), Rolimã traz riffs pegajosos, letras chicletes e referências do indie e midwest emo. A banda já lançou um EP, “Retalho” (2023) e três singles, “Vila” (2023), “Descuidado” (2023) e “Micuim” (2024).
“Micuim” foi lançada como single em abril de 2024.

Terra Mãe (Campinas)
Formada em 2017, a banda de post-rock lançou os EPs “Terra Mãe” (2017) e “Medo, Frio, Cansaço” (2020) e o disco “Resiliência” (2019). Seu amor pelo instrumental os levou a lançar seu terceiro EP, “Vontade Que Não Morre” (2022), apenas com faixas instrumentais que têm influências de math rock, inspirados em bandas como TOE e Totorro. Tentando buscar um estilo diferente para os próximos lançamentos, a banda voltou ao início, buscando uma sonoridade mais crua e simples que, misturando todas suas influências, chegou em algo próximo do midwest emo ou real emo com o single “Saudade” (2022).
“Garganta” faz parte do álbum “Abismo de Espuma” (2024).

zero to hero (Taubaté)
Formada em 2017 e hoje com Pedro Cursino (baixo, voz), Danilo Camargo (guitarra, voz) e Nicolas Brown (bateria), a banda tem três EPs, “Bad Situations” (2018), “Do Anything” (2018) e “Lilo” (2022), e dois álbuns, “Breakwalls & Buildbridges” (2019) e “The Perfect In Between” (2024), lançados. O novo trabalho do trio se destaca pela maioria de suas faixas misturar sutilmente elementos e gêneros musicais variados sem fugir do emo.
“Jimmy Neutron, Boy Neutral” faz parte do álbum “The Perfect In Between” (2024).
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A coletânea foi lançada com apoio do Rebel Lab, coletivo de design do DF, formado por músicos, que visa atuar no mercado musical.
Fizemos playlists com as músicas disponíveis nos streams, mas como faltam várias bandas, eu recomendo que você ouça no Bandcamp.

Ex colaboradore das antigas Six Seconds e Calliope Magazine, entre alguns blogs de música. Resolveu fazer o próprio site enquanto não tem dinheiro o suficiente pra fazer uma versão BR do Audiotree Live.