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Entrevistas

Entrevista: ANVERSA

Formada em 2018 em São José dos Campos, SP, e hoje composta por Tati Laukaz (voz), Marcelo Morella (guitarra), Mendel (baixo) e Pêxi (bateria), ANVERSA faz hardcore com elementos de rock clássico, hard rock, metal, punk rock, entre outros.

Até o momento a banda já lançou cinco singles e, mais recentemente, seu primeiro EP, “Existir” (2022).

Conversamos com o baixista Mendel sobre o EP, a história da banda e mais na entrevista que você lê a seguir.

Vocês podem falar sobre a banda pra quem não conhece?

ANVERSA é uma banda com influências de hardcore, punk e metal, que acaba remetendo aos sons dos anos 80 e 90, até pela faixa etária dos integrantes ser entre uns 30 e 45 anos. É uma mistura de sons que tem em comum a atitude.

Desde o início ANVERSA é Tati nos vocais e eu (Mendel) no baixo, juntos criamos a banda, demos o nome e compomos algumas músicas. Após algumas mudanças na formação, hoje temos Marcelo na guitarra e Pexi na bateria.

Todos os integrantes da ANVERSA já são das antigas, não? Já participaram de outras bandas.

Creio que sim, eu participo de bandas desde o final dos anos 90 (Fractura, Johnny Cusper, Revide, entre outras), Marcelo tocou na Tróia Contra Ataca, uma banda que foi bem ativa na cena de Taubaté e hoje toca na Mantrah, Pexi também toca na Hematoma, e Tati, com quem sou casado, acompanhou tudo isso desde o começo e sempre fez participações nessas bandas, sempre corremos juntos, até que agora ela decidiu ser front woman.

Vocês acham que ter participado de outras bandas influencia a dinâmica de uma banda?

Sim, é uma bagagem. Formamos ANVERSA já com uma ideia clara do que queríamos. O processo de criação é relativamente rápido e a discussão sobre os próximos passos acaba sendo rápida também. Acho que não ser marinheiro de primeira viagem ajuda bastante.

A faixa de abertura de “Existir” é um poema de Minhocão Underground. Como surgiu essa parceria e a ideia de ter uma poesia no EP?

Minhocão Underground é um punk da periferia, preto, gay, é assim que ele se intitula. Um poeta sofrido que, como ele diz, até então não tinha voz. Apesar de sempre ter participado de eventos da cena punk no Vale do Paraíba, sempre curtindo os shows, sempre envolvido com a cena.

No nosso primeiro show após a pandemia, um dos primeiros eventos aqui no Vale, ele perguntou se poderia declamar uma de suas poesias, e aceitamos, claro. Assim que ele terminou e começamos a tocar, foi impactante ver pessoas chorando, emocionadas com aquela volta dos shows e com a poesia dele, foi muito bonito.

Aliás, só uma das faixas do EP não tem participação especial, vocês podem falar sobre como foi o processo de criação do EP?

A maioria das músicas vieram de formações anteriores e tiveram uma roupagem nova com a entrada dos integrantes atuais e também com a participação do produtor Davi Oliveira. Foram muitos ensaios no estudio Devel, do André, onde também fizemos a pré-produção.

As participações surgiram conforme a gente achava que alguém se encaixava com aquele som e letra. Foram processos diferentes, mas o fato de “Dias de Azar” não ter uma participação foi só a falta de encaixar alguém que realmente fizesse sentido. Mas sempre tivemos um retorno muito positivo com essa música, pensamos em talvez fazer um clipe dela.

A cena de São José dos Campos é bem movimentada (não só SJC, mas da região toda), vocês podem falar um pouco sobre isso?

Acho que hoje conseguimos encabeçar vários projetos, eu realizo alguns eventos convidando bandas de fora. A mini tour que fizemos em Março com a banda Cura, de Campinas foram três datas: Campos do Jordão, São José dos Campos e Caçapava e no mesmo fim de semana houveram outros eventos, então a cena está, sim, movimentada. Fazemos o possível pra que isso aconteça.

Tem vários produtores de eventos no meio underground de São José dos Campos trazendo bandas grandes, bandas médias e dando espaço pras bandas menores. Isso é bem legal.

Vale lembrar da Hellkhan, uma banda com integrantes bem novos, alguns menores de idade se não me engano, que está tendo muito espaço, fazem muitos shows.

Últimas considerações? Algum recado?

Eu queria agradecer o espaço. O material que vocês produzem é de altíssima qualidade e isso é muito importante na cena: as pessoas conhecerem bandas, zines e movimentos através de outros movimentos. É isso que procuramos levar nos nossos trabalhos, não só dentro da música, mas com outros meios artísticos, tatuadores, artistas de rua, poetas, brechós, artesãos…

Acho que os artistas acabam levando a arte uns dos outros quando tudo acontece de uma forma natural, sem concorrência. Quando pensarmos que arte é uma coisa só, que devemos parar com panelinhas e etc, todos serão mais beneficiados. Acho que “união” é uma palavra que cabe muito nos dias de hoje pra podermos continuar fazendo nosso trabalho na música e outros tipos de expressão artística.

E ANVERSA não para, já estamos compondo material novo.