Bus Ride Notes
Entrevistas

Entrevista: Klitores Kaos

Klitores Kaos foi formada em Belém em 2015 e hoje é composta por Nia Lima (guitarra), Dy Lima (guitarra) e Line White (baixo) .

A banda surgiu da “vontade e necessidade de bandas formadas só por mulheres no cenário hardcore punk da cidade, com uma ideologia de fato feminista. Como uma forma de expressar nossas ideias, criticar o sistema opressor que serve aos interesses da elite burguesa, a desigualdade e caos social de nossa cidade, enfatizando a questão de gênero”.

Em Março de 2020 elas lançaram o primeiro EP, “Klitores Kaos”, e em Outubro lançaram dois singles, “Atividade Subversiva” e “5 de Novembro”.

Abaixo você lê nossa entrevista com elas, onde você conhece a banda desde o começo até as atuais mudanças e mais:

Vocês podem falar um pouco sobre a banda pra quem não conhece?

Nia: A Klitores Kaos é uma banda baderneira antifascista de hardcore crust punk formada em 2015 em Belém, PA. Luma e Debby foram as fundadoras, porém não estão mais na banda. Além de Belém, já tocamos em São Paulo, Brasília, Tocantins e outras cidades dentro do Pará como Santarém, Marabá e Castanhal.

A banda foi formada em 2015 e o primeiro EP foi lançado em 2020. Vocês podem falar um pouco sobre ele? As músicas foram compostas durante esses vários anos da banda?

Nia: Sim, a banda começou com as minas ainda aprendendo a tocar, mas já criando as próprias músicas, e no começo haviam muitas críticas disso desmerecendo a banda, fora as dificuldades financeiras, que foi o maior problema para que o nosso primeiro EP saísse só esse ano.

Em 2018, planejamos criar uma Vakinha virtual para quem pudesse nos ajudar e foi um sucesso! Muitas pessoas, de vários cantos, doaram fazendo com que ultrapassasse a meta, ficamos muito felizes.

Uma pessoa que foi essencial para que esse EP tivesse a melhor qualidade possível e que fosse a nossa cara foi o Zé Lukas, ele abraçou nossas ideias e dificuldades e nos ajudou muito, ele estava presente na maior parte do processo.

As letras são bem antigas mesmo, mas são assuntos da atualidade que ainda temos que nos questionar e lutar. Algumas letras foram de situações pessoais que tiveram que ser “expurgadas” e acabou que deu certo porque muitas pessoas se identificaram e sabem do que a gente tá falando.

Vocês podem falar sobre os dois singles que vocês acabaram de lançar? Eles foram gravados já durante a pandemia, né? Como foi esse processo de gravação?

Dy: Apesar de termos o máximo cuidado, ficamos bem apreensivas por conta de tudo o que estava acontecendo (Covid). A gravação do EP teve várias etapas, fizemos o roteiro de gravação, falamos com amigos que trabalham com produção e estavam dispostos a nos gravar.

Chamamos algumas minas para participar da música “Atividade Subversiva”, que ficou bem parecida com um grito de protesto (era essa a intenção). Separamos um dia para gravar as cordas e batera, e outro para a gravação do vocal.

Como foi a gravação de músicas antigas, que já estavam na banda há um bom tempo, esse processo foi também uma despedida da vocal (Debby) que acompanhou a banda por anos, então foi um ciclo ali que se fechou pra nós.

E como vocês chegaram a escolha de lançar eles poucos meses depois do EP?

Dy: Como eram músicas antigas e que já tinham registro em vídeo (mas sem áudio oficial), decidimos lançar justamente para fechar o ciclo de músicas mais antigas da banda e para começar novos sons com essa nova formação.

Já que Belém sai do eixo Rio-SP, vocês podem falar, no geral, como é a cena na cidade pra quem não conhece?

Dy: A cena é bem diversificada, no mesmo evento podemos ter uma banda de reggae e depois uma de rock. O único problema ainda é casas de show abertas para bandas autorais, e isso acaba fazendo com que shows autorais rolem no “faça você mesma”.

O que vocês têm ouvido ultimamente? Tem alguma banda que tá sempre tocando na sua playlist?

Nia: Todas nós curtimos sons variados (e põe variado nisso haha), eu por exemplo vou de Opeth à Falamansa, Manger Cadavre? à Dona Onete, a Dy gosta de MPB e também Nervosa, Blind Ivy e Joan Jett, e a Line de Pitty,  Brega Marcante e Xuxa haha.

Claro que para influenciar no som da banda a gente tem referências de outros sons, mas com a gente não tem frescura com música, a gente gosta de quase tudo mesmo.

Últimas considerações? Algum recado?

A banda está um pouco parada porque temos novas integrantes, uma vocal e uma batera, estamos passando pelo processo de nos conhecer e criar um vínculo para seguirmos em frente compondo e tocando o terror!

E os nossos dois singles que lançamos no Youtube e Bandcamp vão estar também em todas as plataformas digitais no dia 13 de Novembro, então se liguem!

E para finalizar, queremos agradecer ao Bus Ride Notes pela entrevista. Esperamos que em breve possamos voltar a tocar para ter uma resistência mais combativa contra esse fascismo instaurado no Brasil, conhecer outros estados ou tocar novamente nos lugares que já conhecemos, só que com a nova formação.

A discografia de Klitores Kaos está disponível no Bandcamp e redes de stream.